quinta-feira, 29 de outubro de 2009

Carta de amor




Quero que de dentro de mim brote uma árvore e que dela frutos doces, amargos, serenos, pungentes; de cores surpreendentes e de texturas também estrangeiras: falem meus saberes e confusões longe do verbo e que dêem ao teu palato o que eu – enquanto carne que fala – não consigo te exprimir sem ofender um dos teus sentidos.

Que essas raízes de mim – à superfície - te mostrem os caminhos tortuosos na busca do meu – solo fértil de paz.

Que tu possas, numa primavera bem próxima, ver os brotos verdes, embriões de coisa nova e que, logo que o verão se assentar, vingarão e voarão - pendurados na gravidade – acoplados no aparato vivo que sustenta: organismo frágil e forte.

E, se eu me fizer flor, que de mim vejas – seja em contorno formoso, útil ou desajeitado – coisas que te expliquem aos sentidos (sem mapas ou necessidade das estrelas) o que me faz de bom, tu.

E de tudo isso; de ser árvore, fruto, raiz, broto e flor, desejo que você colha o conforto do abraço de amor, que fala docemente, nesses dias, e desde sempre, do que fez esse laço, assim, de aço.

3 comentários:

  1. Alguns humanos merecem árvores, frutos, raízes, brotos e flores. Mas algumas só, não todos. Acredito que nem todos estariam preparadas para tais dádivas.

    Bjão

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  2. Nem todos conseguem sentir a essência de ser alguém para alguém.
    sábias palavras as suas.
    Gostaria de verificar com você se é possível linkar seu blog ao meu para uma parceria.
    Meu endereço é www.anacronica-keli.blogspot.com

    Desde já, grata

    SDS Keli

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  3. és a caligrafia da minha felicidade
    amo-te
    Si

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